segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Abordagem de Veículo

Abordagem de Veículo – CICV?


01 – A abordagem de veículo feita pelo TAP – Técnicas de Ação Policial difere da praticada pelo GRE – Grupo de Resposta Especial – no que concerne a parada da viatura atrás do veículo abordado. Utilizamos a parada de nossa viatura no mesmo sentido do veículo abordado sendo que o nosso carro irá ficar com o farol do lado direito mais ou menos na direção da placa do carro a frente. Deixamos uma distância do carro abordado de mais ou menos 03 (três) metros.

Deveremos deixar no mínimo 3 metros, pois quando formos nos deslocar até o veículo, os abordados não poderão estar no meio do caminho, assim como quando formos abrir o porta-malas. Parando dessa forma, se for de noite, ainda ofuscamos a visão de quem estiver dentro do veículo.

O GRE utiliza a parada em um ângulo de 45º.


02 – Devemos nos lembrar que o vídeo a ser veiculado destina-se a policiais comuns e não integrantes de grupos de operações especiais. Portanto eles não estarão normalmente com coletes balísticos, o que é um erro, mas é o que vemos na realidade. Estes policiais da mesma forma não estarão com armamentos pesados, as vezes somente com a arma de porte.


03 – Na posição utilizada pelo GRE, todos os policiais saem da viatura, sendo que os dois do lado do motorista vão para frente da viatura e ao lado do motor e os dois do outro lado, saem, caminham de costas para o veículo abordado e abrigam-se atrás da viatura. Estes não estão protegidos, pois a lataria é vulnerável.


Na posição utilizada pelo TAP, os policiais antes de dominarem a situação devem se manter próximos ao carro, pois quando abrimos as portas e nos posicionamos, se o veículo abordado der a partida e fugir em menor tempo iremos retornar ao nosso veículo e partir em perseguição. Os policiais ficam cobertos pelo motor, a porta e a coluna.


04 – Quando estamos abordando um veículo ou pessoa e se tivermos que passar nas costas de um colega a arma vai para a posição Sul que consideramos mais segura para este tipo de evento. Da mesma forma quando um colega está dando busca pessoal e aquele que estiver dando cobertura fará a mesma coisa quando o colega entrar na linha de tiro. Portanto não utilizamos mais o pronto baixo.


05 – De forma nenhuma trazemos alguém que saiu do carro abordado para dentro da nossa zona de segurança. Neste tipo de abordagem perdemos um policial para vigiá-lo. Entendemos ser mais seguro colocá-lo entre os dois carros, mãos na cabeça, se for o caso, ajoelhado e, portanto todos estarão vigiando e você não perde um policial nem o traz para perto de você o que irá configurar uma insegurança total.


06 – Quando de uma abordagem, estando ou não com coletes balísticos (volto a dizer, é suicídio o policial trabalhar sem este equipamento de segurança), o policial deverá procurar se expor o mínimo possível.


07 – Em hipótese nenhuma devemos mandar o abordado vir de frente. Ao sair do carro, colocar as mãos na cabeça e andar de costas em direção a frente da viatura. Desta forma o abordado não terá condições de esboçar uma reação, pois não saberá com certeza onde estarão os policiais.


08 – Quando em uma abordagem o policial vislumbrar uma arma deverá gritar “ARMA”.
Desta forma todos ficarão ainda mais alertas sobre a possibilidade de uma reação. O abordado deverá vir de costas e ajoelhar-se ou deitar-se em frente a viatura. As atenções devem estar voltadas para o restante das pessoas no carro bem como o abordado.


09 – Ao sair do veículo em hipótese nenhuma deverá o abordado tirar as mãos da cabeça para levantar a camisa a fim de se verificar se está armado ou não. A preocupação dos policiais deverá ser com as mãos do abordado e para estas é que deverão estar todos atentos.


10 – A “zona de segurança” dos policiais é quando estão abrigados na viatura. Por isso em hipótese nenhuma devemos trazer um abordado para trás de nosso veículo. Ele deverá ser levado, isto sim, para frente da viatura onde você não perderá nenhum dos policiais para ficar tomando conta dele. Imagine você estar com apenas dois policiais e um tenha que ficar tomando conta de um abordado. Imagine se houver uma reação, o colega terá que intervir. E os outros dentro do veículo? Portanto é mais seguro colocar o abordado na frente da viatura onde todos poderão observar, vigiar.


11 – A busca de joelhos deverá ser feita com o abordado cruzando as pernas. Desta forma ele estará realmente imobilizado e não poderá esboçar nenhuma reação já que o policial irá fazer uma leve pressão com o seu pé contra os pés do abordado. É a forma correta de abordagem de joelhos.


12 – Quando da abertura de portas do carro abordado devemos agir com bastante cuidado pois pode haver alguém deitado na parte de trás por exemplo e neste momento esboçar uma reação.

13 – O GATE da PMMG que é uma organização de muitos e muitos anos com policiais extremamente experientes utilizam a abordagem de veículo como a que realiza o TAP. Assim como o BOPE no Rio de Janeiro.


14 – De tudo o que foi acima explanado, entendo que a Abordagem modelo CICV adotado pelo GRE, apesar do TAP não a utilizar pode muito bem ser ensinada pois as duas deixam vulneráveis os policiais em determinado momento e os protegem nas demais. No entanto o modelo CICV, 45º na prática acaba não sendo utilizada.


Como sugestão a ACADEPOL/MG deveria se adotar as duas táticas de abordagem de veículos que atenderia perfeitamente a todos não causando nenhum tipo de problema ou questionamentos. O aluno ao aprender as técnicas é que irá decidir por qual das duas irá optar no momento em que precisar.


Elson Matos da Costa
Delegado Geral de Polícia
Coordenador/Professor do TAP
Técnicas de Ação Policial

Um comentário:

  1. Bom dia. Estou estudando sobre abordagens e gostaria de saber o que significa CICV?

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