segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Abordagem de veículo

Abordagem de veículo.



Abordagem extremamente perigosa, pelo grau de dificuldade que apresenta, bem como o policial ser surpreendido pelos ocupantes do veículo que estarão parcialmente encobertos e não se tem uma visão completa de todo o interior do carro.

Caso a abordagem seja feita com uma viatura, receberão os ocupantes ordem de estacionar o veículo, estando os policiais preparados para qualquer tipo de reação, como troca de tiros, fuga rápida do carro ou fuga a pé.

A viatura deverá estacionar a uma distancia que permita ver o pneu traseiro do carro abordado. Isto dará uma distancia de 07 (sete) metros mais ou menos. O farol do lado direito da viatura deverá estar mais ou menos na direção do meio do veículo abordado, ou seja, a viatura estará, se for o caso perto de uma calçada, estacionada um metro desta.

O Chefe de Equipe com a porta do lado direito da viatura aberta, entre esta e a coluna do carro, manterá os ocupantes do veículo sob mira assim como do lado esquerdo o motorista que normalmente estará com uma arma de coldre. Os outros policiais ocupantes da parte de trás também sairão da viatura e se posicionarão em uma forma segura apontando suas armas em direção ao veículo abordado, prontos todos para uma possível reação armada.

O Chefe da Equipe através do megafone da viatura caso não esteja com uma arma longa determinará que o motorista jogue as chaves para fora do carro ou a coloque em cima do teto. Estando o Chefe da Equipe com uma arma longa, dará os seus comandos em voz alta para que os ocupantes do veículo abordado obedeçam.

Com o veículo estacionado os policiais pelos dois lados, protegidos pelo veículo oficial, deverão solicitar através do Chefe de equipe, que o motorista desligue o carro, jogue a chave para fora ou a coloque no teto do carro com a sua mão esquerda, dessa forma dificultando que o mesmo saque uma arma. Pedir que um a um saiam de dentro do carro, sendo o primeiro o motorista, segundo o carona, terceiro o que estiver sentado atrás e assim por diante pelo lado que estiverem mais próximos a porta. Sempre sairá apenas um por vez e assim facilitar o controle. Serão os ocupantes do veículo levados entre a frente da viatura e o veículo abordado. No momento em que os ocupantes saem do veículo, o policial que estiver comandando a equipe determinará que ele coloque as mãos na cabeça entrelaçando os dedos e de frente para a viatura. Neste momento é feito uma busca visual na altura da cintura. Pedir ao abordado para virar de costas, onde será feita nova busca visual, e assim caminhar para a traseira do seu veículo onde será colocado de joelhos ou deitado. Quando todos estiverem ajoelhados ou deitados dois policiais que estavam na traseira da viatura aproximam-se do veículo abordado no sentido de verificar se ainda ficou alguém escondido. Esta aproximação deve ser revestida de bastante cuidado, pois na iminência de encontrar alguém e oferecer resistência estes policiais deverão estar preparados para responder ao fogo com segurança, protegidos pelo próprio carro. Caso nada seja encontrado retornam ao local onde os ocupantes estão aguardando sobre a mira das armas do Chefe de Equipe e o motorista e ali é dado uma busca pessoal e o emprego de algemas.

Finalmente com os ocupantes do veículo algemados é dada uma busca final no porta-malas onde pode haver possivelmente uma vítima de seqüestro, por exemplo, ou mesmo alguém da quadrilha, o que é muito improvável, mas deve ser tomado o devido cuidado. Portanto, dois policiais, um de cada lado do carro, aproximam-se, um pega a chave do porta-malas, caso ela seja aberta desta maneira, introduz a chave na fechadura, abre e volta rapidamente a posição ofensiva em direção ao interior deste local, protegendo-se nas laterais do carro. Caso a abertura do porta-malas seja efetuada de dentro do veículo, um terceiro policial faz este serviço e da mesma forma os outros dois fazem a revista como acima explicado.

Outra opção, porém mais arriscada, caso os ocupantes do veículo abordado se recusem a sair, são os policiais se aproximarem por trás a uma distância segura onde poderão verificar o interior do veículo, seus ocupantes de costas para os policiais, pedir para ver as mãos. Esta aproximação pela dificuldade de visualização no interior do veículo deverá ser revestida de todo cuidada, devendo os policiais usando das colunas do carro como proteção, ângulo raso, se aproximar o máximo possível aguardando uma possível reação. Como os ocupantes do carro estão sentados, para que esbocem alguma reação terão que se virar para atirar o que os coloca em situação de desvantagem. Nestes preciosos décimos de segundo o policial disporá de um pequeno intervalo de tempo para abrigar-se e abrir fogo.

Se houver suspeita de que trazem algo ilícito dentro do carro, deverá ser feita uma busca minuciosa dentro do mesmo, na presença de testemunhas conforme preceitua o artigo 240 e seguintes do CPP.

Na saída dos policiais da viatura, esta deverá ser feita com rapidez para que todos estejam preparados para o que puder vir a acontecer neste tipo de abordagem.

Havendo apenas uma arma ofensiva (longa) dentro do veículo, esta deverá ser portada pelo passageiro da frente, com o cano controlado para o solo da viatura.

No caso de acontecer no momento da abordagem um dos ocupantes sair correndo fugindo, caso existam outros dentro do veículo preocupar-se inicialmente com estes que estão sob domínio. Se for o caso pedir apoio para a tentativa de captura do que fugiu. Em hipótese nenhuma se deve atirar para o alto como intimidação e muito menos em direção ao fugitivo, pois se o mesmo for atingido e não estiver fazendo uso de sua arma de fogo, configurará um crime doloso, lesão ou homicídio.

Se da mesma forma no momento da abordagem o veículo sair em alta velocidade, deverá ser acompanhada pela viatura que pedirá apoio imediato aos colegas e a Polícia Militar no sentido de prender os fugitivos. Caso eles façam uso de arma de fogo contra a viatura que tentou a abordagem manter uma distancia segura evitando fazer uso de arma de fogo principalmente se for em zona urbana. Os marginais não tem nada a perder quando em troca de tiro com a polícia, no entanto a polícia deve ter os cuidados necessários quando fizer uso de sua arma.

Elson Matos da Costa
Delegado Geral de Polícia
Coordenador/Professor do TAP

Controle de Cano, Gatilho e Posição Sul

Controle Cano, Gatilho, Posição Sul.


Armas são sempre consideradas como um sinal de poder, principalmente entre os policiais e ainda mais entre aqueles que estão entrando para a polícia. Quando estamos dando as primeiras aulas e que envolvem armamento é normal e natural que os alunos tenham um interesse muito grande por aquele símbolo de poder e costumam por isso manuseá-las de forma indevida e que comprometem a segurança dele, dos seus colegas e dos instrutores. Esta insegurança com a arma perdura quando o policial já veterano em suas atividades profissionais faz o uso indevido de seu equipamento colocando em risco a sua vida, de colegas e de toda a sociedade.

Nas aulas de TAP – Técnicas de Ação Policial – os instrutores tem de cobrar sistematicamente a segurança com este tipo de equipamento e isto começa com o Controle de Cano, Controle de Gatilho e Posição Sul.

O controle de cano consiste em que o aluno mantenha o cano de sua arma sempre voltado para uma direção segura, abstendo-se de apontar para um colega e assim acostumar-se com o manuseio de uma arma de fogo. Desta forma não colocará ninguém em perigo caso venha a ocorrer um disparo acidental.

O controle de gatilho da mesma forma é uma das formas de segurança com armamento e o aluno em hipótese nenhuma deverá estar com o dedo no gatilho enquanto faz manuseio, treinamentos, verificação de munição no carregador ou no cano. Em uma progressão quando se dirige a um local em que haverá uma abordagem da mesma forma o dedo deverá estar fora do gatilho já que existe uma grande possibilidade do aluno ou mesmo o policial, devido ao grande estresse que existe numa operação policial, por qualquer motivo, medo, nervosismo, tropeço quando os músculos estão retesados haver um disparo acidental que pode ser inclusive nas costas de um colega. Por este motivo não se deve estar caminhando, correndo, dentro da viatura, na unidade policial ou em qualquer outro local o aluno ou policial deverá estar com o dedo no gatilho. Somente e apenas tão somente quando for fazer uso da arma de fogo é que o dedo se dirigirá ao gatilho e será efetuado o disparo. Atingido o alvo ou não o policial retira o dedo do gatilho mantém-se alerta e prossegue.

A posição Sul é uma forma nova que hoje é praticada por grande parte dos policiais brasileiros onde a arma é mantida na altura do umbigo, segura pelas duas mãos, sendo que a mão forte segura a coronha, dedo indicador esticado fora do gatilho (controle de gatilho) e a outra mão entra por baixo, espalmada, dedão com dedão e cano voltado para a posição Sul, ou seja, para o chão, sem dar ângulo na arma, ficando a mesma voltada diretamente para o chão, entre os pés.

No caso de precisar atirar, partindo da posição Sul a palma da mão fraca envolve a mão forte enquanto esta empurra vigorosamente a arma em direção ao alvo. A perna fraca vai a frente e os braços ficam retesados e com os dois olhos abertos verifica a possibilidade ou não de fazer o disparo.

Para recolher a arma, da mesma forma ela retorna como saiu e vai direto para o coldre sem que faça círculos ou semi-círculos o que pode comprometer seriamente a segurança de terceiros. Ou seja, a arma volta do local onde ela estava apontada, para o chão próximo ao corpo e colocada no coldre ou cintura sem expor a riscos pessoas próximas.

Da mesma forma será realizado o saque, sendo a arma retirada do coldre ou cintura com a mão forte, encontra-se na altura do umbigo com a mão fraca e é empunhada a frente vigorosamente como explicitado acima.

Estes tipos de procedimentos caso sejam realizados de forma correta, controle do cano, controle do gatilho e posição Sul diminuem enormemente a possibilidade de haver algum incidente de tiro, o que deve ser a procura daqueles que trabalham com arma de fogo.

Elson Matos da Costa
Delegado Geral de Polícia
Coordenador/Professor de TAP