ARÍETE NA ATIVIDADE
POLICIAL
Elson Matos da Costa,
Delegado Geral de Polícia, Coordenador/Professor do TAP – Técnicas de Ação
Policial na ACADEPOL/MG, 2º Período de Jornalismo – Estácio/BH.
Na
atividade policial inúmeras serão as atribuições destinadas aos integrantes da
unidade que estiver realizando uma operação bem como os equipamentos que terão
de portar. Quando uma equipe pretende concluir uma investigação e decide pela
prisão dos envolvidos é feito antes de tudo um planejamento operacional. Neste serão
estudadas as melhores formas de atingir o ponto pretendido que pode ser um
apartamento, uma casa, um sítio, um barraco na favela, etc. Será feito um
levantamento do local, ou seja, conhecer o imóvel onde irão fazer a invasão,
pelo menos por fora. Caso haja a possibilidade ter acesso a planta do mesmo e
assim saber como são distribuídos os cômodos. No caso de se tratar de um prédio
de apartamentos ou um conjunto habitacional de casas baixas, será possível
entrar em uma delas e ter noção de como é feita a distribuição interna da sala,
quartos, cozinha, banheiro do imóvel a ser “tomado”.
A
equipe de investigação ainda terá atribuição de nominar onde o imóvel está
localizado através do endereço postal ou mesmo pelas coordenadas de GPS e com
isto impedindo o erro no momento da abordagem. Com os levantamentos efetuados
os policiais passarão então a fazer o planejamento de como ocorrerá à ação
policial e qual seria o melhor dia e horário, como a reunião dos marginais em
determinado momento para que pudessem ser todos apanhados no mesmo instante.
Providencia
importante neste instante será a determinação do posicionamento de cada uma das
equipes envolvidas nesta operação e assim teremos:
·
Equipe
de entrada que será a responsável pela invasão do local e aprisionamento de
quem se encontrar no imóvel e caso haja reação com arma de fogo estes devem ser
imobilizados de imediato. Portanto estes policiais devem ter um grande
conhecimento neste tipo de atividade, de preferência, um grupo especial com
treinamento específico em CQB – Combate em Ambiente Fechado.
·
Equipe
que ficará responsável pelo cumprimento de mandado de busca e apreensão e de
arregimentar as testemunhas.
·
Equipe
responsável pelo cerco ao local e evitar a fuga dos marginais, quando da
entrada do grupo os quais deverão estar abrigados no entorno da residência já
que no caso de haver troca de tiros não serem atingidos.
·
Equipe
cartorária para registrar o cumprimento do mandado de busca e apreensão.
·
Equipe
de Peritos para documentar todo material a ser apreendido.
Montada a operação e decidido o dia e
hora, sendo que esta normalmente é realizada logo pela manhã, às 06h00, desde
que não haja motivo para outro momento específico, a mesma será colocada em
prática.
Com relação ao grupo de entrada, além dos
policiais muito bem treinados neste tipo de ação, os quais devem ter um
conhecimento bem acima da média no uso de armas de fogo e combate a curta
distancia em locais fechados, deverá estar presente um equipamento importante
neste momento que antecede a entrada. A figura lendária do ARÍETE que é assim definida:
“antiga máquina de guerra
constituída por um forte tronco de freixo ou árvore de madeira
resistente, com uma testa de ferro ou de bronze a que se dava em geral a
forma da cabeça de carneiro. Os aríetes eram utilizados para romper portas e
muralhas de castelos ou fortalezas. Foram largamente utilizados nas Idades Antiga e Média. Existiam diversas formas de aríetes, dependendo do local e povo
que o construía. Pode-se dizer que eles foram os precursores dos tanques de
guerra.(http://pt.wikipedia.org/wiki/Ar%C3%ADete)
Transportada para os dias atuais esta antiga
máquina de guerra é amplamente utilizada nas operações policiais para facilitar
o acesso rápido ao interior de um imóvel e pegando de surpresa aqueles que ali
estiverem. Desta forma o elemento surpresa estará com os policiais que evitarão
um confronto armado, nunca desejável numa situação como esta para evitar as
baixas tanto de um lado quanto de outro. No caso de haver a morte de alguém,
obrigatoriamente será instaurado um inquérito policial para apuração das
responsabilidades e caso tenha sido o autor dos disparos o policial contra os marginais,
aquele responderá pelos seus atos. Mesmo que se consiga apurar posteriormente
que foi um caso de legítima defesa, o policial ficará naquela insegurança
contra a sua atitude mesmo em prol da sociedade durante o tempo que transcorrer
o inquérito policial e o processo na justiça. Por isto a importância da entrada
rápida e resolução do caso sem que haja nenhuma troca de tiros no interior do
local em que se cumpre o mandado de busca e apreensão.
Por isto a recomendação aos policiais de que
utilizem o aríete como mais um importante instrumento de trabalho que em muito
lhe auxiliará neste tipo de atividade. O “modelo” antigo de chutar portas já
passou há muito tempo, mesmo porque o policial terá enormes dificuldades de
arrebentar esta peça da residência onde algumas vezes ela tem algum reforço,
como uma barra de ferro atravessada por dentro, uma corrente, e o policial conseguirá
apenas ter uma fratura no tornozelo, perna ou joelho ficando impossibilitado de
prosseguir na missão. Além disto, com o barulho de chutes na porta, irão avisar
ao marginal lá dentro que a polícia está chegando e se preparar para recebê-la
com uma arma de fogo ou se desfazendo das provas ali existentes.
O aríete dos dias atuais é uma peça
normalmente redonda de um tubo de aço de mais ou menos 90 cm, podendo ou não
ser recheada de cascalho, concreto, água e com uma alça para fazer o balanço e
atingir a fechadura ou as dobradiças.
Portanto, diante deste equipamento
extremamente eficiente, ARÍETE e que não se pode deixar de ser levada em toda
operação policial onde se cumprirá um mandado de busca e apreensão. A
recomendação é que os policiais se abstenham de continuar ainda chutando portas
para a abertura destas, já que podem trazer sérios prejuízos físicos a quem se
aventurar nesta situação. Outra preocupação que diz respeito aos chutes na
porta é que o policial fica totalmente vulnerável no tempo que perde tentando
abri-la e pode receber um tiro disparado do interior da residência. Com o
aríete, se bem aplicado e com a força necessária ocorrerá apenas um impacto
somente para que a porta seja jogada para dentro e a entrada simultânea dos
policiais do grupo de entrada.
Aquele que fizer uso do aríete, normalmente o
policial mais forte fisicamente do grupo para aguentar o peso do instrumento de
abertura da porta e o impactá-lo contra a porta, tão logo consiga a abertura,
sairá da frente da mesma dando acesso aos demais policiais, que já estarão em
posição e com as armas em condições de pronto uso. O policial do aríete ao conseguir
abrir a porta, afasta-se deixando caminho livre para os colegas, joga o aríete
no chão, saca a sua arma e é o último a entrar na residência atrás do grupo de
entrada.
Outros instrumentos a serem utilizados na
falta de um aríete é a marreta ou pé de cabra para estourar a fechadura e/ou
dobradiças de uma porta.
Quando se faz o planejamento operacional onde
se tem um tempo para minuciosamente preparar a ação dos policiais, outra forma
de adentrar uma residência é contando com policiais que tenham facilidade de
usar as gazuas na fechadura e abrindo-a sem que nenhum barulho seja percebido
ou então contratando um chaveiro para auxiliar nesta empreitada.
Não é recomendável a utilização da espingarda
calibre 12 para estourar a fechadura de uma porta tendo em vista as munições
utilizadas pela polícia no Brasil que podem ultrapassar este obstáculo e
acertar quem estiver do lado de dentro, principalmente o balote. Outros
calibres podem não ter a potencia necessária ou ao contrário serem extremamente
ofensivos já que os policiais podem não saber quem se encontra do outro lado da
porta. E se for o filho de cinco anos do marginal que procuram?
Assim
o melhor que se faz é construir um aríete e utilizá-lo nas operações policiais
para facilitar o acesso ao interior de uma residência e dificultando uma reação
por parte de quem está sendo procurado. Primeiro pelo susto que terá ao ver a
porta de sua casa arrombada com apenas um impacto e segundo, antes que se
refaça do susto já estarão vários policiais com armas apontadas para ele. Final
da operação, marginal (is) preso (s), ninguém ferido ou morto, objetos de
provas apreendidos e a lei cumprida em sua totalidade.