sexta-feira, 4 de maio de 2012


QUASE TRAGÉDIA

Ontem, 03/02/2011, tivemos um espetáculo degradante envolvendo duas grandes corporações. Polícia Militar e Polícia Civil do estado de Minas Gerais. Esta na investigação de um sequestro de um bancário conseguiu descobrir o paradeiro dos marginais e montou uma campana e assim efetuar as prisões. A PM desconfiada de um grupo de homens naquele local esteve ali por diversas vezes e todas elas os policiais civis se identificaram.

Esta é a função da polícia ostensiva, desconfiar de alguém que esteja fazendo alguma coisa que saia do convencional e para isto existe a abordagem policial. Como estas ações da PM contra agentes da Polícia Civil poderiam alertar os sequestradores, os policiais pediram ao COPOM que se lançasse no rádio da PM sobre o trabalho que eles estavam ali realizando e assim não houvesse desconfiança dos infratores e não atrapalhasse as prisões. De nada adiantou.

Tão logo os policiais civis conseguiram a prisão dos sequestradores foram cercados pela PM, que com certeza já sabiam da ação policial pelos motivos acima expostos e intimados a novamente se identificarem o que foi feito. Checados todos os dados, os policiais foram "liberados". No entanto um Tenente, novato na profissão e se arvorando em uma Autoridade Policial, o que nunca foi ou será, entendeu que deveria novamente pedir a identificação de um Delegado de Polícia. Esclareça que estes policiais civis tinham passado a noite fazendo a investigação para apuração deste odioso crime e continuaram todo o dia de ontem. O Policial Civil, aliás um dos mais educados da nossa instituição e de uma paciência de “Jó” então mostrou mais uma vez a sua identificação e esta foi retirada violentamente de suas mãos o que vai contra tudo o que é ensinado dentro de uma Academia de Policia, seja ela militar ou civil. Quando se aborda uma pessoa e ela se identifica como policial, de qual instituição for, o respeito mútuo deve haver até que se esclareça o motivo desta abordagem.

Instalou-se o caos.

Diversas viaturas das duas instituições foram enviadas para o local. O que se viu nesta ocorrência é a disputa por espaço das duas instituições que neste caso específico a PM se acha no direito de investigar quando falha no seu serviço primordial de impedir que o crime venha a ocorrer. Como também eles estavam apurando o crime que ocorrera e que a Polícia Civil conseguiu desvendar com a detenção dos infratores, criou-se um atrito totalmente desnecessário.

A chamada integração inexiste somente sendo conhecida administrativamente, mas nunca operacionalmente. Esta situação somente terá uma maior atenção de nossas autoridades maiores quando ocorrer um massacre, o que por pouco não veio a acontecer na data de ontem por milagre, entre duas instituições que devem servir à população e nada mais. A Polícia Militar por quem nutro um grande respeito institucional e mesmo familiar já que meu pai e irmã foram da mesma, mas que não pode ultrapassar de suas obrigações como se ainda trabalhasse nos anos duros da ditadura. A Polícia Civil já conseguiu dar este passo a frente e hoje é uma das defensoras intransigentes dos direitos humanos o que infelizmente ainda não acontece com a nossa co-irmã. Esta ainda só defende os seus interesses corporativos, nada mais, que se dane o cidadão.

Serviço de investigação pertence a quem conhece as técnicas e constitucionalmente detêm o poder deste tipo de mecanismo de controle da criminalidade e não a quem por inércia não consegue desempenhar a contento as suas funções e tenta pegar carona no sucesso de outros.

Espero, sem muita convicção por fatos pretéritos, que a Corregedoria da PM puna exemplarmente este mal policial que ainda começa a engatinhar na sua atividade e já quer se arvorar em algo que não é e pelo jeito nunca será. Um policial que mereça respeito dos seus companheiros, dos seus colegas policiais civis e da sociedade. É realmente uma pena que fatos assim ainda aconteçam com uma freqüência muito grande e é preciso dar um basta a tudo isto. Mas para tanto precisamos de chefes que enfrentem o problema de frente e coloquem os seus comandados cada um em suas posições a que cada um pertença. Que o governo saia de sua redoma e se desvencilhe daqueles que ficam ao seu redor 24 horas lhe dizendo que somente a PM é que deve usufruir das benesses por ser mais organizada, eficiente, atuante quando na verdade estamos vendo os diversos crimes ocorrerem por total falta de policiamento ostensivo e incapacidade dela combater o crime em nosso estado. Depois querem pegar carona num serviço feito pela Polícia Civil que é o caso e motivo do ocorrido na data de ontem.

Governador Anastásia, acorde para a realidade e verifique quem realmente presta um bom serviço a sociedade já que não são somente aqueles que ficam “puxando o saco” nas diversas secretarias desviados de suas funções precípuas.

Elson Matos da Costa
Delegado Geral de Polícia

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