sexta-feira, 4 de maio de 2012


MORTE DE POLICIAL CIVIL: SERGIO BARBOSA TOLEDO

Elson Matos da Costa, Delegado Geral de Polícia, Coordenador/Professor de TAP – Técnicas de Ação Policial na ACADEPOL/MG

                        A vida do policial é feita de surpresa e assim ele deve estar preparado 24 horas por dia. Não pode descansar como todos os outros trabalhadores ao término da jornada já que aquele mesmo em seus momentos de folga pode vir a ser chamado a socorrer alguém da sociedade que esteja correndo sério risco em sua integridade física. Este é o motivo pelo qual muitos não entendem o motivo do policial estar armado mesmo em seus momentos de folga. Este é um detalhe que na verdade não existe dentro da atividade policial. O policial quando vai ao supermercado fazer compras junto com sua família ele estará sempre procurando, além dos mantimentos, alguém que ali esteja ou que irá praticar algum delito. É por isto que ele não tem folga e precisa estar armado. Em qualquer diligência a ser feita o risco é inerente.

                        O Investigador de Polícia Sergio Barbosa Toledo foi um dos primeiros amigos que fiz ao vir trabalhar em Belo Horizonte na Divisão de Tóxicos em 1990 que funcionava no antigo Departamento de Investigações na Lagoinha. Desde então mantivemos uma amizade, um pouco distante após a minha saída daquela unidade policial, mas que sempre nos encontrávamos para momentos de lazer.

                        Sergio trabalhou uma pequena parte de sua vida na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos sendo que a sua especialização o fez retornar ao Departamento Antidrogas onde sempre fez excelentes serviços e que se sentia muito bem neste tipo de serviço.

                        Mesmo já cinqüentão continuava com o mesmo espírito de quando trabalhamos juntos há 21 anos, correndo atrás daqueles que insistem em colocar nas mãos dos jovens produtos considerados ilícitos como é a maconha, cocaína e o crack. Infelizmente foi assim que encontrou o seu destino final, trabalhando em prol da sociedade e morrendo nas mãos de facínoras que não se preocupam em tirar a vida de um policial ou de quem quer que seja para atingir seus objetivos que é a destruição de milhares de vidas. Veja as “cracolândias” que vemos grassar por todas as cidades do país. No entanto são pessoas como o Policial Civil Sergio assim como milhares de outros valentes profissionais espalhados pelo nosso Brasil é que lutam para que se veja esta guerra ganha pelos homens de bem. Um outro grande problema pela qual sempre lutei e ainda luto dentro de nossa instituição, infelizmente é a prática errônea da grande maioria de nossos colegas em não utilizar o colete balístico e acaba causando a morte de muitos policiais que poderiam estar conosco brindando a vida. Isto se deve a pouca prática de treinamentos voltados para este tipo de atividade e temos assim que chorar a perda de colegas próximos e queridos entre todos.

                        O noticiário na TV mostrou dezenas e dezenas de colegas do Sergio pelas ruas da cidade de Contagem onde ocorreu o infausto acontecimento a procura dos homicidas/traficantes já que isto dói na carne de todos nós. Não admitimos em hipótese nenhuma que um fato semelhante a este fique impune e pela especialização de todos aqueles que foram até o local é apenas uma questão de tempo a prisão destas bestas humanas.

                        Tivemos alguns dias atrás a morte do Sargento do GATE por policiais civis na cidade de Esmeraldas ao término de um baile funk e talvez por reflexo deste infeliz acontecimento não foi visto nenhuma viatura da Polícia Militar na ajuda ao vasculhamento da área em que ocorreu a morte do policial civil. Ressentimentos entre pessoas é comum e natural, no entanto não podemos admitir entre instituições que são bem maiores que todos nós. Os policiais militares que trabalham nesta área onde ocorreu a morte do Investigador de Polícia com certeza conhecem além da região, também aqueles que praticaram o crime e seriam importantíssimos neste momento para a localização desta quadrilha e conseqüente prisão. Espero e teimo em acreditar que não tenha sido este o motivo pelo qual não se viam viaturas da outra instituição na caça aos malfeitores.

                        Ao meu amigo Sergio Barbosa Toledo que descanse em paz e aqui ficaremos rezando por você como tenho certeza de que o fez por mim quando também fui vítima de sequestradores. Paz a toda a sua família.

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